Maurice Armand Marius Legeard chegou ao Brasil aos 7 anos, vindo de Paris. Trazia consigo não apenas as malas, mas uma sensibilidade europeia para as artes que moldaria a cultura santista por décadas.
Durante 50 anos, Maurice construiu um acervo extraordinário: 2.500 livros, 3.000 DVDs, 16 mil pastas de recortes organizadas. Mas o verdadeiro acervo era imaterial - era conhecimento, era paixão, era a capacidade de conectar pessoas através do cinema.
No Clube de Cinema de Santos, Maurice não era apenas programador - era curador de experiências. Cada sessão era pensada como uma narrativa: um filme dialogando com outro, movimentos cinematográficos conversando através das décadas.
Sua frase mais famosa resume sua filosofia: "O Cinema é uma grande lição sem mestre, que atravessa todas as barreiras". Ele acreditava que o cinema de arte não era privilégio de poucos, mas direito de todos.
Em 1981, aos 56 anos, Maurice fundou a Cinemateca de Santos. Não como arquivo morto, mas como organismo vivo - exibindo, debatendo, educando. A Cinemateca não preserva apenas filmes; preserva a ideia de que o cinema pode transformar sociedades.
Maurice faleceu em 1997, mas seu legado permanece em cada sessão, cada debate, cada jovem que descobre pela primeira vez o poder transformador do cinema. Seu trabalho continua vivo, inspirando novas gerações a ver o cinema não apenas como entretenimento, mas como janela para o mundo e ferramenta de transformação social.
"O verdadeiro cinéfilo não é aquele que vê muitos filmes, mas aquele que permite que os filmes o transformem."
— Reflexão inspirada no legado de Maurice Legeard